A resposta para essa pergunta é bem complexa, porque somos seres complexos 😊.
A vários caminhos que te levam para o mesmo lugar, isso responderia como nasce ou se torna um artesão ou artesã.
Para mim o artesanato é uma questão divina, de alma.
Calma! Explicarei...
Os meus caminhos começaram quando eu tinha uns 11 anos ou menos, minha mãe colocou eu e minha irmã Ana Emanuela num curso de crochê na associação do bairro. A nossa professora, Dona Hortência era rigorosa só deixava a gente trocar de ponto, quando o que ela tinha passado estivesse perfeito, perdi a conta de quantos metros de correntinha ela me fez fazer. rsrsrsrsrs
Depois comecei a fazer panos de prato, os meus clientes eram a minha avó Maria e os meus vizinhos acho que ali começava um lado empreendedor a surgir. Mas minha carreira empreendedora durou poucos meses, logo parei e fui fazer outras coisas e nunca mais voltei a fazer crochê e nenhum outro artesanato.
Quando decidi sair do meu ultimo emprego fixo, por estresse. Comecei a tecer de novo, parecia magica pois os pontos vinham na minha mente como se eu nunca tivesse parado de tecer.
Em varias postagens eu falei como é significante e empoderador o nosso trabalho. Mas hoje quero falar de uma pessoinha muito especial.
A Dona Santa Ramos Medina, minha avó paterna.
Posso contar nos dedos quantas vezes a vi.
Ela morava em Teófilo Otoni ( no Vale do Mucuri), Minas Gerais e eu em Vespasiano( região Metropolitana de BH) também em Minas.
Não tínhamos condições de viajar, somos muitos aqui em casa.
Meus pais sempre trabalharam muito mas o que ganhavam só dava para manter a casa, sabe?
Água, Luz , comida e a construção da nossa casa bemmmmm devagarinho.
Dona Santa coordenava um clube de mães em Teófilo Otoni, via o artesanato dela quando ela doava peças para a igreja da nossa comunidade, para pagar promessa.( os filhos dela deram muito trabalho. rsrsrs). Não tive a oportunidade de aprender nenhum artesanato com ela. Mas acredito que ele passe pelo DNA porque quando levei a serio essa profissão( sim artesã é a minha profissão). Vinha para mim algumas habilidades que eu desconhecia, era como no recomeço com o crochê parecia que eu já bordava, pintava, criava desde criança.
Qualquer pessoa pode fazer trabalhos manuais algumas aprende muito rápido outras precisará de mais tempo, Para mim a diferença de quem faz trabalhos manuais de quem é artesão, está na criação. Quando você é um trabalhador manual o seu produto, obra, arte... nasce sempre com a ajuda de um molde criado por outra pessoa.
Quando se é um artesão o seu produto, obra, arte... pode até começar com um molde de outra pessoa mas logo você inclui coisas diferentes nele, coloca a sua marca. É incrível, mas quando o próprio artesão é quem vende o seu produto uma das coisas mais comum de se ouvir é como o artesanato parece com ele.
Você percebe que se tornou um artesão quando você realmente começa a criar, seu artesanato é algo que emociona a você e as pessoas que conecta com a sua arte.
Nesta história não há bom ou ruim, ser trabalhador manual é maravilhoso e ser artesão também é.
Hoje eu agradeço a minha vó Santa pela inspiração.
Agradeço as companheiras do Imani Anna pela doação e
Agradeço a cada cliente que me proporciona fazer algo que da significado na minha vida, pois se não fosse vocês não teríamos condições de continuar.
Gratidão, Gratidão, Gratidão
Ana Paula Soares Medina
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